Antes de ler leia a postagem da semana anterior:
Mestre Bhava: Separados pela linguagem - Parte I - Introdução
Mestre Bhava: Separados pela linguagem - Parte I - Introdução
Com aquela introdução da semana passada, expus os vários aspectos da mesma questão, e está claro que vou lhes levar, sem que vocês percebam, ao Tantra. Podem me acusar agora mesmo, antes de concordar comigo. O Mas, “e olha aí a conjunção adversativa como introdução permanente a uma perspectiva de diferença conceitual”, como advertiu o meu amigo Roberto Melo, o Mas nos salva todo momento, de ser o outro, faz esta magia.
A coisa que some, merece ser burilada a exaustão e eu sou um teimoso compulsivo, que é a mesma coisa dita duas vezes. Infelizmente é longo o processo de aqui dissecar o “Mas” e o “O que”, a começar lá pela maldita campainha, que cortou o um entre dois corpos, o meu , o seu e o de todos - e o da mãe. Ali vimos que surge o desejo, desejo que surge como dor, sintoma como manifestação de uma intervenção, diferente de sinthome como a saudade de ser um novamente. O sintoma, a angústia e a inibição, este trio infernal. O sinthome de ser UM permite que a perda do Um gere um plano estrutural, e amarre para sempre , a mãe, a campainha e o sintoma. Amarre tudo como função de letra, grito, choro, e mais tarde - palavra.
A dor como sintoma inaugura o desejo como letra, o osso ióide que já fala e desliza sobre a garganta. Foi o terror do grito da morte de milhões que nos fez falar.
Milhões gritaram antes de você poder dizer bom dia, hoje!
Agora o leitor já a meio caminho de uma depressão induzida pela verdade dos fatos, pergunta: O Tantra não trata do gozo? Da felicidade? Para quê voltamos a nossa dor original?
E aí é que está a coisa toda, a felicidade é a mesma dor, o gozo é dor. O gozo é um investimento na mesma dor que separou, investimento libidinal lá na origem, tentativa de reparar aquilo lá. O mesmo Ding Dong da campainha.
Gozamos para voltar ao paraíso, ouvir de novo a maldita campainha!
E ela toca! Dez , cem, mil vezes e assim mesmo queremos ouvi-la!
Não planeje seu suicídio, ainda! Não tente outra vez! Pois antes do Nada da morte, a campainha toca, da mesma forma!
Não vá encontrar os peixes banana! Por que o ato repete a mesma campainha.
Isto está provado, pela matemática lacaniana, e no máximo, umas dez ou vinte pessoas no planeta entenderam, e este que vos fala é um deles, humildemente.
Metade dos meus 10 leitores já clama pelo Soma. Queremos Soma! Queremos a felicidade artificial!
Eu peço que aguardem, pois ainda temos algo, podemos encontrar a felicidade no outro e o outro em nós. Há algo entre nós! E lhe digo mais, não é um novo universo de conceitos e que irá terminar na mesma campainha com um som diferente! Que em vez de Ding Dong faz Bzzzzzzzz.
Freud chamou o algo de inconsciente, e foi aí que tudo se perdeu! Outro som da mesma campainha.
Dalinianamente lhe convido a ser perverso, a ver a dor como gozo ou o gozo como a dor, depende se você é neurótico ou não!
Não sei se piorei ou melhorei para você, mas enfim, o que importa é lhe apresentar algo novo, que você, caro leitor terá que ouvir mil vezes antes de ver nisso alguma importância.
A Alma é um fantasma! Fantasma da dupla desejo-dor! A Alma é um fantasma, uma visão subjetiva de si mesmo! E por trás tem um observador passivo, que é tudo que ocorre e ao mesmo tempo não muda, é imutável. O nome dele, desta testemunha: Consciência.
O que este fantasma quer? O seu Sacrifício.
O que o desejo quer de mim? E ao mesmo tempo não sou nada sem isso. O que o “isso”, o “O que”, quer de mim?
Só sabemos quando desmontamos o fantasma a posteriori e aí sabemos que ele quer minha derrota, a minha perda!
Hoje é domingo, alguns amigos vem aqui na minha casa, portanto tenho que deixar a coisa assim:
Um significante representa um sujeito para outro significante S¹ >$ >S², esta era a fórmula que definia tudo, segundo esta fórmula estávamos presos a uma cadeia de significantes, e o sujeito ($) tinha que representar seu eu, tipo novela de Goffman, para outro significante. O desejo é o efeito da divisão em partes, Kálas. O sujeito ($) não é senão o efeito da divisão, da linguagem, ele não existe antes. A cadeia de significantes seria o inconsciente.
Isto pressupõe a existência anterior de um sujeito, que nasce em um corpo e o anime pelos significantes da cadeia. É como um programa cósmico. Porém há aí um erro, não existe desejo do sujeito e sim sujeito do desejo, não há sujeito anterior algum. Então o Tantra nos diz que o Universo é uma teia pronta, uma Matriz, Máyá.
E com isto se explica o atamento do fantasma, o destino!
Perceberam que tudo ficou assim, sem solução? E aí é que o Tantra traz uma novidade, que vou introduzir, aqui. Sono, sonhos e Kundaliní, sim há um fenômeno reparador, que remove todos os dias o fantasma da cadeia de significantes.
Dormimos ? Sonhamos?
Então caros leitores há algo aí, algo Místico, sempre me arrependo de usar a palavra místico, é um saco onde cabe de tudo, sempre na falta do conceito, usam o místico como heurística, mas vejam que o místico aí é muito preciso!
Dormimos ? Sonhamos?
Então caros leitores há algo aí, algo Místico, sempre me arrependo de usar a palavra místico, é um saco onde cabe de tudo, sempre na falta do conceito, usam o místico como heurística, mas vejam que o místico aí é muito preciso!
Segunda parte postada, 22 de Novembro
Peço paciência ao dizer que o que existe é um sujeito do desejo e não um desejo do sujeito. O desejo é que se assujeitou como tal, logo, a continuidade de Alma, do nosso fantasma camarada, é ser uma construção no tempo espaço, construção subjetiva de si mesmo. Veja que nosso sujeito, nossa Alma , já agora o nosso fantasma é representado como $, pois ele busca algo, um isso, busca ser algo, para alguém, e este alguém é em primeira instância ele mesmo!
Esta é a passagem do EU para o EU SOU, e daí para o EU SOU ISSO! de Shiva para Shakti e dai para Sadakhya, Assim surge quem se constrói subjetivamente com Ser. Se ficamos no EU e no EU SOU, temos o SER de fato, pois temos a exclusão de qualquer ISSO. O fantasma surge na criação com o ISSO, quando a realidade subjetiva se revela para si mesmo, EU SOU ISSO!
Nasce o fantasma aí, e ele é animado pela vida quando passa a uma quarta etapa, ISSO SOU EU!
EU
EU SOU
EU SOU ISSO(nascimento do fantasma)
ISSO SOU EU(atamento do fantasma)
No ISSO SOU EU surge o Ishwara, o ser que cria mundos, hábil na linguagem, pois se coloca como ser que é causa, mas na verdade, é o fantasma falando.
Será que fui claro ao dizer que o fenômeno está entre nós, entre o EU SOU e o EU SOU ISSO?
Peço paciência ao dizer que o que existe é um sujeito do desejo e não um desejo do sujeito. O desejo é que se assujeitou como tal, logo, a continuidade de Alma, do nosso fantasma camarada, é ser uma construção no tempo espaço, construção subjetiva de si mesmo. Veja que nosso sujeito, nossa Alma , já agora o nosso fantasma é representado como $, pois ele busca algo, um isso, busca ser algo, para alguém, e este alguém é em primeira instância ele mesmo!
Esta é a passagem do EU para o EU SOU, e daí para o EU SOU ISSO! de Shiva para Shakti e dai para Sadakhya, Assim surge quem se constrói subjetivamente com Ser. Se ficamos no EU e no EU SOU, temos o SER de fato, pois temos a exclusão de qualquer ISSO. O fantasma surge na criação com o ISSO, quando a realidade subjetiva se revela para si mesmo, EU SOU ISSO!
Nasce o fantasma aí, e ele é animado pela vida quando passa a uma quarta etapa, ISSO SOU EU!
EU
EU SOU
EU SOU ISSO(nascimento do fantasma)
ISSO SOU EU(atamento do fantasma)
No ISSO SOU EU surge o Ishwara, o ser que cria mundos, hábil na linguagem, pois se coloca como ser que é causa, mas na verdade, é o fantasma falando.
Será que fui claro ao dizer que o fenômeno está entre nós, entre o EU SOU e o EU SOU ISSO?
Nesta altura o leitor estará já perdido, andamos muito rápido não foi? Fizemos muitas conexões, até chegar à prova cabal de que há algo entre o EU SOU e o resto. Eu chamei de Fantasma o Ser que vive após o EU SOU, e que vive do ISSO.
ISSO é o Objeto, ou o que ele representa como Desejo.
EU e SOU. O “EU SOU”, formam um lugar que falta o ISSO, formam uma estrutura, que ainda não se afirma, ainda não é um EU SOU EU (ISSO). Vejam que este segundo EU, (EU) refiro-me assim a uma constituição do Moi (meu EU), porque é uma tentativa de elaboração de uma teoria que de conta do primeiro esboço de Eu que se constitui como ego ideal e o tronco das identificações secundarias, a sede do narcisismo.
É na passagem do EU SOU, para o EU SOU EU, que surge o Eu que é o MEU EU, aqui um ISSO, pois ele não é o EU, e sim o MEU EU, um ISSO, a sede do Fantasma, sua origem, digamos, Cósmica, Universal.
Então caro leitor o seu EU não é o EU em si, sacou? Nunca é. Jamais será! É um ISSO.
Você pode fazer Yoga, praticar budismo, conscienciologismo e o que quiser, mas jamais, nuca realizará seu EU, pois é um outro que se NÃO realiza, o Fantasma, o ISSO.
Há um impedimento, o SEU EU não pode ser o EU.
Então façamos agora um pacto, esqueçamos o EU original, jamais estaremos falando dele, ou sobre ele, ele é inexpugnável, inatingível! Ele é Eterno e imutável.
Assim chegamos a raiz do Tantra:
Shiva é o EU, e Shakti é o SOU. Por algum motivo este EU se manifestou, sua manifestação é a Shakti.
Eis aí a coisa, a ontologia perversa do Universo, mistério. A Shakti, manifesta o EU, mas ao manifestar para ele mesmo, EU SOU EU cria a condição para a criação, veja que não manifesta para ele mesmo, mas para algo, alguém parecido com ele, um espelho.
Ótima linguagem, ótima percepção, ja aguarado as próximas postagens.
ResponderExcluirRoberta
Abraços.
Interessante. Eu gostaria de saber sobre o fenomeno, mas se o senhor irá falar sobre isto, aguardo.
ResponderExcluirMateus