segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Separados Pela Linguagem - Parte III - O desejo

Antes de ler leia a postagem da semana anterior:


Mestre Bhava: Separados Pela Linguagem - O Fantasma


Hoje assisto na tv por satélite as tropas de segurança invadindo uma comunidade no Rio de Janeiro. Logo surgem sociólogos e antropólogos a desafiar a nossa lógica para explicar os fatos. Estranhamente nenhum deles defende um ponto de vista mais iluminado: O de que somente conhecemos as versões e não os fatos.

O desejo de jornalistas por um furo de reportagem; o desejo dos militares por um ângulo de enquadre de um “bandido” sob a mira do seu fuzil; o desejo de Paz da mesma população que servia e usufruía dos benefícios do tráfico e agora clama por Paz; o desejo dos políticos em ufanismo ao anunciar vitórias e tomadas de terreno no estado, (como se não fosse antes uma obrigação do estado ter tomado as providencias)...enfim desejos diversos de pessoas que não comandam mais suas mentes, elas é que são comandadas pelo desejo imediato de felicidade, sempre as custas de um outro.

E aí o leitor pergunta o que isto tem a ver com o assunto, Separados pela linguagem? E eu respondo – Tudo. Quase sempre não vemos nem a ponta do Iceberg, que são as relações humanas intermediadas pela letra, sempre acreditamos que é real, que há um sentido. Mas nas grandes comoções, eis que surge a ponta do Iceberg do desejo e somos tomados pelo nosso desejo, o desejo do nosso papel vem à tona, o EU é o desejo. Isto é o trauma, ele toma conta, e tudo fica subordinado aquele fato, trauma é o desejo revelado, nu e cru. Não é o fato o que traumatiza e sim a versão que nosso desejo dá a ele no universo da nossa linguagem. Como nos adaptar ao real do fato ? O que dizer? O que fazer?

Lembram do 11 de Setembro?

Porque nos animamos com a emergência do desejo, quando ele é compartilhado por um fato anormal?

Somos todos filhos dele, do mesmo desejo.

Caiu um avião, começou uma guerra, alguém foi morto, um atentado, choveu demais etc. E nos nós animamos um pouco porque repartimos o mesmo desejo, a mesma Shakti. Podemos dizer: aconteceu isto, aquilo! Podemos falar sobre!

A mídia não noticia que dona Márcia encontrou seu cão desaparecido! Nós queremos ver a desgraça e se for ao vivo, melhor!

Somos perversos!

Os aposentados já caminham mais animados até a esquina, para encontrar os companheiros e discutir o morro do Alemão, os seus passos já são mais seguros, como digo para minha mãe quando ela pisa forte.

Onde foi parar o EU eterno, o mesmo eu que é o dos traficantes, do Papa, dos policiais do Bope, e o da dona Canô?O mesmo eu Meu e Seu?

Foi separado pela letra, acredite nesta verdade, pois não sei se você leitor já entendeu o assunto, ou se iluda!

Você pode falar nisso! Lembra do Isso? Agora é nosso, é nisso, é disso!


Só assim você pode falar de você!


O desejo, ele nos dá a oportunidade de falar, sentir, de ter aspirações, enfim - Tudo, pelo Isso.


Isso , uma intersubjetividade, um nosso, que é a unica possibilidade de falar de si, pelo que nos é comum.


Então encerrando por hoje: tirando eu, e você, sobra o isso, aquilo que é meu e seu mas não é o seu eu e nem o meu eu.


Aí está o EU SOU ISSO.








domingo, 21 de novembro de 2010

Separados Pela Linguagem - Parte II - O Fantasma

Antes de ler leia a postagem da semana anterior:


Mestre Bhava: Separados pela linguagem - Parte I - Introdução

Com aquela introdução da semana passada, expus os vários aspectos da mesma questão, e está claro que vou lhes levar, sem que vocês percebam, ao Tantra. Podem me acusar agora mesmo, antes de concordar comigo. O Mas,  “e olha aí a conjunção adversativa como introdução permanente a uma perspectiva de diferença conceitual”, como advertiu o meu amigo Roberto Melo, o Mas nos salva todo momento, de ser o outro, faz esta magia.

A coisa que some, merece ser burilada a exaustão e eu sou um teimoso compulsivo, que é a mesma coisa dita duas vezes. Infelizmente é longo o processo de aqui dissecar o “Mas” e o “O que”, a começar lá pela maldita campainha, que cortou o um entre dois corpos, o meu , o seu e o de todos - e o da mãe. Ali vimos que surge o desejo, desejo que surge como dor, sintoma como manifestação de uma intervenção, diferente de sinthome como a saudade de ser um novamente. O sintoma, a angústia e a inibição, este trio infernal. O sinthome de ser UM permite que a perda do Um gere um plano estrutural, e amarre para sempre , a mãe, a campainha e o sintoma. Amarre tudo como função de letra, grito, choro, e mais tarde - palavra.

A dor como sintoma inaugura o desejo como letra, o osso ióide que já fala e desliza sobre a garganta. Foi o terror do grito da morte de milhões que nos fez falar.

Milhões gritaram antes de você poder dizer bom dia, hoje!

Agora o leitor já a meio caminho de uma depressão induzida pela verdade dos fatos, pergunta: O Tantra não trata do gozo? Da felicidade? Para quê voltamos a nossa dor original?

E aí é que está a coisa toda, a felicidade é a mesma dor, o gozo é dor. O gozo é um investimento na mesma dor que separou, investimento libidinal lá na origem, tentativa de reparar aquilo lá. O mesmo Ding Dong da campainha.

Gozamos para voltar ao paraíso, ouvir de novo a maldita campainha!

E ela toca! Dez , cem, mil vezes e assim mesmo queremos ouvi-la!

Não planeje seu suicídio, ainda! Não tente outra vez! Pois antes do Nada da morte, a campainha toca, da mesma forma!

Não vá encontrar os peixes banana! Por que o ato repete a mesma campainha.

Isto está provado, pela matemática lacaniana, e no máximo, umas  dez ou vinte pessoas no planeta entenderam, e este que vos fala é um deles, humildemente.

Metade dos meus 10 leitores já clama pelo Soma. Queremos Soma! Queremos a felicidade artificial!

Eu peço que aguardem, pois ainda temos algo, podemos encontrar a felicidade no outro e o outro em nós. Há algo entre nós! E lhe digo mais, não é um novo universo de conceitos e que irá terminar na mesma campainha com um som diferente! Que em vez de Ding Dong faz Bzzzzzzzz.

Freud chamou o algo de inconsciente, e foi aí que tudo se perdeu! Outro som da mesma campainha.

Dalinianamente lhe convido a ser perverso, a ver a dor como gozo ou o gozo como a dor, depende se você é neurótico ou não!

Não sei se piorei ou melhorei para você, mas enfim, o que importa é lhe apresentar algo novo, que você, caro leitor terá que ouvir mil vezes antes de ver nisso alguma importância.

A Alma é um fantasma! Fantasma da dupla desejo-dor! A Alma é um fantasma, uma visão subjetiva de si mesmo! E por trás tem um observador passivo, que é tudo que ocorre e ao mesmo tempo não muda, é imutável. O nome dele, desta testemunha: Consciência.

O que este fantasma quer? O seu Sacrifício.

O que o desejo quer de mim? E ao mesmo tempo não sou nada sem isso. O que o “isso”, o “O que”, quer de mim?

Só sabemos quando desmontamos o fantasma a posteriori e aí sabemos que ele quer minha derrota, a minha perda!

Hoje é domingo, alguns amigos vem aqui na minha casa, portanto tenho que deixar a coisa assim:

Um significante representa um sujeito para outro significante  S¹ >$ >S², esta era a fórmula que definia tudo, segundo esta fórmula estávamos presos a uma cadeia de significantes, e o sujeito ($) tinha que representar seu eu, tipo novela de Goffman, para outro significante. O desejo é o efeito da divisão em partes, Kálas. O sujeito ($) não é senão o efeito da divisão, da linguagem, ele não existe antes. A cadeia de significantes seria o inconsciente.

Isto pressupõe a existência anterior de um sujeito, que nasce em um corpo e o anime pelos significantes da cadeia. É como um programa cósmico. Porém há aí um erro, não existe desejo do sujeito e sim sujeito do desejo, não há sujeito anterior algum. Então o Tantra nos diz que o Universo é uma teia pronta, uma Matriz, Máyá.

E com isto se explica o atamento do fantasma, o destino!

Perceberam que tudo ficou assim, sem solução? E aí é que o Tantra traz uma novidade, que vou introduzir, aqui. Sono, sonhos e Kundaliní, sim há um fenômeno reparador, que remove todos os dias o fantasma da cadeia de significantes.


Dormimos ? Sonhamos?


Então caros leitores há algo aí, algo Místico, sempre me arrependo de usar a palavra místico, é um saco onde cabe de tudo, sempre na falta do conceito, usam o místico como heurística, mas vejam que o místico aí é muito preciso! 





Segunda parte postada, 22 de Novembro




Peço paciência ao dizer que o que existe é um sujeito do desejo e não um desejo do sujeito. O desejo é que se assujeitou como tal, logo, a continuidade de Alma, do nosso fantasma camarada, é ser uma construção no tempo espaço, construção subjetiva de si mesmo. Veja que nosso sujeito, nossa Alma , já agora o nosso fantasma é representado como $, pois ele busca algo, um isso, busca ser algo, para alguém, e este alguém é em primeira instância ele mesmo!


Esta é a passagem do EU para o EU SOU, e daí para o EU SOU ISSO! de Shiva para Shakti e dai para Sadakhya, Assim surge quem se constrói subjetivamente com Ser. Se ficamos no EU e no EU SOU, temos o SER de fato, pois temos a exclusão de qualquer ISSO. O fantasma surge na criação com o ISSO, quando a realidade subjetiva se revela para si mesmo, EU SOU ISSO!


Nasce o fantasma aí, e ele é animado pela vida quando passa a uma quarta etapa, ISSO SOU EU!


EU


EU SOU

EU SOU ISSO(nascimento do fantasma)

ISSO SOU EU(atamento do fantasma)



No ISSO SOU EU surge o Ishwara, o ser que cria mundos, hábil na linguagem, pois se coloca como ser que é causa, mas na verdade,  é o fantasma falando.


Será que fui claro ao dizer que o fenômeno está entre nós, entre o EU SOU e o EU SOU ISSO?


Nesta altura o leitor estará já perdido, andamos muito rápido não foi? Fizemos muitas conexões, até chegar à prova cabal de que há algo entre o EU SOU e o resto. Eu chamei de Fantasma o Ser que vive após o EU SOU, e que vive do ISSO.

ISSO é o Objeto, ou o que ele representa como Desejo.

EU e SOU. O “EU SOU”, formam um lugar que falta o ISSO, formam uma estrutura, que ainda não se afirma, ainda não é um EU SOU EU (ISSO). Vejam que este segundo EU, (EU)  refiro-me assim a uma constituição do Moi (meu EU), porque é uma tentativa de elaboração de uma teoria que de conta do primeiro esboço de Eu que se constitui como ego ideal e o tronco das identificações secundarias, a sede do narcisismo.

É na passagem do EU SOU, para o EU SOU EU, que surge o Eu que é o MEU EU, aqui um ISSO, pois ele não é o EU, e sim o MEU EU, um ISSO, a sede do Fantasma, sua origem, digamos, Cósmica, Universal.

Então caro leitor o seu EU não é o EU em si, sacou? Nunca é. Jamais será! É um ISSO.

Você pode fazer Yoga, praticar budismo, conscienciologismo e o que quiser, mas jamais, nuca realizará seu EU, pois é um outro que se NÃO realiza, o Fantasma, o ISSO.

Há um impedimento, o SEU EU não pode ser o EU.

Então façamos agora um pacto, esqueçamos o EU original, jamais estaremos falando dele, ou sobre ele, ele é inexpugnável, inatingível! Ele é Eterno e imutável.

Assim chegamos a raiz do Tantra:

Shiva é o EU, e Shakti é o SOU. Por algum motivo este EU se manifestou, sua manifestação é a Shakti.

Eis aí a coisa, a ontologia perversa do Universo, mistério. A Shakti, manifesta o EU, mas ao manifestar para ele mesmo, EU SOU EU cria a condição para a criação, veja que não manifesta para ele mesmo, mas para algo, alguém parecido com ele, um espelho.

domingo, 14 de novembro de 2010

Separados pela linguagem - Parte I - Introdução

Separados pelo corpo físico, bem,  isto o sexo, um abraço, um contato, resolve momentaneamente. Mas separados pelos conceitos, razões, ideais, desejos e necessidades, e tudo simbolizado pela linguagem. Aí complica-se não? Pois concordamos e discordamos ao mesmo tempo, de tudo, que o outro nos apresenta, sempre tem o MAS...a ressalva a nos-devolver-para-nós-mesmos pelo outro.

Esta semiologia oriental chamada de Tantra me trouxe uma perspectiva inédita, de que nossa felicidade depende de um outro, a mesma sacada lacaniana. A felicidade em si mesmo, uma espécie de masturbação emocional, é impossível. Quando verificamos a fundo, estava lá escondido um outro, escondido mesmo, pois aquela felicidade que era um regozijo em si mesmo não passava de um mero "eu venci" , "me dei bem"...e até este prazer "espiritual", se mostra tão terreno como um tapa ou um xingamento, ou mesmo uma zoação em cima de alguém.

Então será melhor acreditar neste regozijo como sendo uma felicidade da Alma, e continuar separado pela linguagem, mas feliz, sorrindo como se houvesse encontrado algo em si mesmo?

Devemos aceitar gozar pelo outro? E ter que dizer que não foi?

Voltando a vaca fria, mas ainda não morta, moribunda. Se até a felicidade , aquela espiritual, pura, imaculada, veio de um lugar chamado porão, onde se esconde a nossa perversidade, um lugar ali onde partícula e onda mudam de acordo com a necessidade...ora há alguém atingido por algo vindo do outro, e ora tudo que vem do outro não nos abala. Qual é o critério?, ou melhor, existe algum critério possível de ser feliz sem ter pisado no pescoço de alguém? (veja que até “fazer o bem” é pisar no pescoço de alguém) portanto vá mais fundo.

O que é ser Bom de fato? 

Para não deixar os meus leitores pior do que estou, pois me regozijaria disto, tenham certeza, tanto quanto apontar uma solução, aquelas hipócritas do senso comum; eu posso lhes levar para a bacia das almas em dúvida, com a minoria esclarecida da humanidade, que não sabe o que é ser feliz.

Para não alongar demais, o cenário é para maiores de 50 anos, ou somos perversos ou neuróticos, pervertemos o outro com nossa felicidade ou sofremos ao ser pervertidos com a felicidade do outro. Os Nasistas, veja quem que não disse nazistas e sim Nasistas, de Násio, encontraram um  argumento útil , apenas útil. Ritmo. Que a felicidade é um ritmo.

Mas minha consciência de altas energias, ja diz e ri: Não seria, o ritmo, ser pervertido e neurótico, tão alternadamente com o outro, de forma  a parecer que ninguém ganhou ou perdeu?

Alguns dirão para voltar a uma vida simples, como a de mascar fumo agachado a beira do rio, debochar de si mesmo, e rir de si mesmo, uma forma de perder sem perder, se é que me entendem. O cotidiano que salva milhões de pessoas no mundo.

Outros dirão que devemos nos empenhar em uma causa nobre, social, e até mesmo política , tão intoxicante e perversa que esquecemos de nós.

O bushidô nos diz que temos que ir pelo outro para voltar a nós mesmos, a psicanálise também. Lembram do MAS que disse antes, recebemos o outro e mesmo que de sua boca e mente só saia ouro, nós temos o MAS para nos salvar e voltar a nós mesmos.

Eu havia esquecido da religião, como uma conciliação intermediada por um outro além, fora do nosso alcance. Também vale na batalha pela felicidade, vale tudo.

Entenderam a situação? A felicidade que vem do outro nos devolve a nós mesmos, por um breve instante. Sendo sincero, e sei que vou perder os amigos, amantes e os admiradores, investimos no outro para ter um instante de felicidade com si mesmo, um gozo fugaz, rapidinho, mas glorioso! Onanismo psíquico!

O mais assustador e assombroso, eu deixei para o final, "Somos a mesma consciência, usando o outro para ser feliz". Tem o ditado que diz que no amor e na guerra vale tudo, mas é assim, em tudo.

A sua felicidade vem do outro, e é na negação, no MAS...que ela é encontrada em si mesmo, rapidinho, e tão escondido, que nem percebemos.

Então para não deixar tudo assim, um Mad Max onde a água é a felicidade. É por esta polifonia que podemos perceber algo no horizonte, algo que possa chamar de seu.

O que você pode chamar de seu?

A linguagem quebra o galho, mas não resolve! Enquanto isso, eu lhe dou um pouco da minha, para você chamar de sua.

Até a próxima semana!

Se eu e Você estivermos ainda separados! 



Parte Final, postada 16, Novembro 2010



Então cumpre perguntar: O que nos separa como linguagem? “O que” é o mais importante, não sei se eu já esgotei meus argumentos em favor da linguagem ser aquilo que se representa em nós como Signo.  O signo é o tal “o que”, coisa que Eco chama de estrutura sempre ausente, a coisa está lá, sempre, e sempre não se revela como coisa, se é que me entendem, não deixa rastro, como as pegadas da cadela Baleia, na areia fina do sertão, sopradas pela brisa, imediatamente pós pisada.


Continuando nesta quixotesca aventura atrás da coisa que faz tudo e some na bruma da Alma, tão rápido como a pegada da cadela Baleia, há que ser observador privilegiado de si mesmo, para notar este algo, ou então ter participado de uma audiência universal sobre a coisa, do tal “o-que”.

Se é o fenômeno do espírito quem é que faz isto; se é um raio de luz, trazido pela pomba branca do espírito santo;  se é a dialética da vontade de poder nietzscheneano; se é o observador da dupla fenda quântica; o méson? Tijolinho de Higgs; queria dizer ainda influenciado pelo 15 de novembro, hoje, dia da proclamação da republica. O que me diz que falta algo como um Rei, entre o estado brasileiro e nós, falta algo que nos dê um direito de cidadão e não de cidadãos, divaguei, eu sei, mas voltando para a coisa que está representada pela linguagem. Ela é o que interessa neste desafio.

Eu quero ter um Rei! Para chamar de meu Rei! Não resisti!

Permitam-me dar um passo além, na verdade um passo para dentro, é o desejo, sim é ele o tal “o que”, que nos assujeita e nos faz ser por uma linguagem. Estávamos no UM do paraíso, mamando a teta, sem desejo de ser separado, aí a campainha toca, a mãe retira o bico do seio da nossa boca. Que sensação, esta de ser retirado de si mesmo, por uma campainha, ainda hoje, toda vez que vejo um seio me vem um tremor por dentro, bem, e aí o carteiro, o porteiro, vejam bem que é “O”, e não “A”, bem, o tal "O"...corta, limita, barra minha relação com algo que era eu. Este interventor dos demônios, é o tal Pai-de-todos-nós.

Maldito Nome-do-Pai, que nos jogou no mundo e nos arranca do Um da Mãe.

Barrados pela campainha, tivemos que reclamar como podíamos, chorando, e inaugurando um eu-reclamador, e quem não lê alemão chama de ego. É este eu partido em um eu-reclamador, e o eu-gozador, (aquele de antes da maldita campainha) e daí que surge um terceiro eu para dar conta da confusão. Dizem que Guimarães Rosa aprendeu alemão para entender esta trama da campainha, na letra do sujeito que desvendou o mistério todo, e assim decidiu fumar cachimbo, com o polegar enfiado na algibeira do colete..

Esqueci de nomear o eu-falante, que vai conseguir traduzir tudo, e assim ser alguém. Ele é o eu-falante mesmo. Vamos lá, ele conseguiu reparar a falta? Não. Mas fez o possível, pois começa a nos dar um meio de entender por que diabos a maldita campainha tocou. O que ele fez foi separar as coisas em: “Mãe”, “campainha”, “seio”...muitos nomes para o nosso “o que”, então será que nós somos o produto do Um que se multiplica em vários nomes? E aí lá escola a professora chama seu nome e você responde: Presente!

Que grande passo para dentro nós demos aqui!

Voltando ao gozo interrompido, o tal coito-interrupto-cósmico, e pensando sobre o desejo, me dou conta agora que antes não havia desejo, ele surge, como Kála, uma palavra do tantra que significa Parte, ele surge porque o gozo se fez Parte, desejo, não havia desejo antes! Havia gozo! Um gozo sem outro, sem o gozador, sem o que goza. Sem parte - Akála

Zero de Bion?

Akála é a palavra para o tal gozo sem desejo, contínuo......

Então a linguagem nomeia o nosso desejo, por que nomeia aquilo que repara.

Nesta altura do campeonato se eu fosse mulher seria lesbica, mulher não tem lugar na coisa, o sexo da mulher com o homem não repara nada só aumenta a distância! E para o homem é perfeito! Aproxima!

Está aí um bom argumento para ter a outra! È para ela!

Acho que serei muçulmano!

E justamente agora surge mais um caso, que vai gerar mais inimigos para se juntar a horda dos que eu já tenho.

Então, depois disto tudo, posso decretar: Não existe desejo do sujeito e sim sujeito do desejo!

Caligaris já sabia! O italianinho já tinha dito isto!

Droga! Não fui o primeiro com você! Mas fui o primeiro para você?

Já estou morando na sua mente sem pagar aluguel?

Vamos lá, eu te dei um argumento e tanto para ter outra e ainda desvendei o segredo do universo quântico!

É por isto que falam tão bem do Tantra!